Sim, o revisionismo histórico ou mau caratismo, como preferir, teve que nos levar a explicar o óbvio. O Fascismo, assim como o nazismo não é de esquerda. Pelo contrário, são movimentos ideológicos que nasceram a uma reação do socialismo soviético de 1917.
Para entender melhor, vamos ao contexto político da época:
Após a Primeira Guerra Mundial, a Itália se viu mergulhada em uma crise econômica devastadora, caracterizada por altos índices de desemprego e inflação.
Esse cenário gerou um descontentamento generalizado e uma tensão política crescente. No meio desse caos, Benito Mussolini fundou o Partido Nacional Fascista em 1921, prometendo restaurar a ordem e a grandeza da Itália, utilizando uma retórica nacionalista e antissocialista.
Neste ponto, é fundamental destacar algumas características do fascismo que ressoam com a contemporaneidade. Muitas vezes, o argumento de que o fascismo é de esquerda se baseia em duas questões: a primeira é que Mussolini fazia parte do movimento socialista e a segunda é que o Estado centralizava poder. No entanto, isso não se sustenta.
Mussolini foi expulso do Partido Socialista em 1914, após apoiar a entrada da Itália na guerra. Essa expulsão foi um ponto de virada que gerou uma frustração profunda e levou Mussolini a abandonar as ideias socialistas. Mais tarde, ele fundou o Partido Nacional Fascista, uma formação que pretendia salvaguardar os interesses do capital em um cenário de ameaças comunistas.
Outro “equívoco” comum é a ideia de que a centralização do poder estatal é uma característica da esquerda. Essa concepção simplista ignora que, embora o fascismo tenha um Estado forte, esse poder serve à proteção dos interesses da classe capitalista, não da classe trabalhadora.
No fascismo, a propriedade privada era considerada sagrada, e o apoio de industriais e capitalistas italianos foi crucial. Eles viam no fascismo uma oportunidade de estabilizar o país e proteger seus interesses econômicos diante das ameaças representadas pelos movimentos sociais e trabalhistas da época.
Os Três Pilares do Fascismo: Deus, Pátria e Família
O fascismo se apoiou em três pilares fundamentais:
1.Deus
Pra legitimar o regime, o fascismo estabeleceu relacionamento estreito com a Igreja Católica, A religiosidade foi utilizada para promover uma moralidade tradicional, sugerindo que os valores morais eram essenciais para a coesão social e a identidade nacional. Isso incluía a promoção de uma vida familiar “moral” e um comportamento social que refletia os valores católicos tradicionais.
2. Pátria
O nacionalismo foi um símbolo bastante presente no Fascismo, A ideia de que a nação era suprema e deveria ser defendida a todo custo era uma força unificadora entre os cidadãos. O conceito de pátria ajudava a criar uma identidade coletiva que unia os cidadãos sob uma causa comum, muitas vezes utilizando símbolos, rituais e celebrações que exaltavam a história e a cultura italianas.
3. Família
Da mesma forma, o fascismo via a família como a unidade básica da sociedade e a base da moralidade. A família tradicional e patriarcal era exaltada como o modelo ideal para a sociedade.
Além disso, o regime incentivava as mulheres a desempenharem papéis tradicionais como esposas e mães, destacando a importância da maternidade. Políticas de incentivo à natalidade foram implantadas, visando aumentar a população italiana.
Não podemos ignorar que alguns símbolos e valores utilizados na política, pela extrema direita são reminiscências desse discurso fascista.
Por fim, é crucial lembrar que o fascismo opera como um movimento de massa que distorce a realidade, redirecionando a atenção dos trabalhadores para alvos fáceis. Imigrantes, a comunidade LGBTQIA+ e os comunistas são frequentemente usados como bodes expiatórios. Quando, Na verdade, a verdadeira origem da precarização da vida do trabalhador não reside nesses grupos, mas sim no sistema capitalista que perpetua a desigualdade e a exploração.