
Na semana passada, o professor Elias Jabbour, ex-diretor do banco dos BRICS, fez declarações em canais do YouTube que geraram um clima de pessimismo entre a ala mais à esquerda do Brasil. Segundo ele, o país está se afastando dos BRICS, e a aposta no G20 não trouxe resultados positivos.
Historicamente, o governo federal, especialmente sob a liderança do presidente Lula, foi visto como pragmático em relação à geopolítica e aos interesses econômicos internacionais. No entanto, parece que Lula 3 vem se mostrado diferente em relação às edições anteriores.
Tudo indica que o Brasil está se alinhando mais aos interesses econômicos da Europa e dos Estados Unidos do que o sul global. Um exemplo disso é o impedimento da Venezuela de integrar o grupo, o que evidencia uma agenda ideológica ocidental que entra em choque a colaboração histórica do Brasil com a América Latina.
Além disso, Jabbour afirma que o Itamaraty tem agido deliberadamente para boicotar a adesão do Brasil à iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como a “Nova Rota da Seda”, um projeto chinês de investimentos globais em infraestrutura. Essa postura demonstra que o Itamaraty está consolidando a dependência do Brasil no mercado internacional, tornando cada vez mais difícil o caminho de um país industrializado e soberano.
Dessa forma, é importante destacar que essas decisões geram questionamentos sobre a sinceridade do discurso do presidente Lula em relação à “moeda dos BRICS” e à “Nova Ordem Mundial”. As declarações de Elias indicam que, nos bastidores, o Brasil está se afastando da ideia anti-hegemônica, perdendo assim a oportunidade de elevar sua posição econômica.
Embora já soubéssemos que o atual governo não seria verdadeiramente de esquerda e que haveria um flerte com o neoliberalismo, o que estamos presenciando é ainda mais preocupante. Está evidente uma subserviência aos Estados Unidos, sem qualquer resistência de um governo que se apresenta como progressista. O mais alarmante é que isso ocorre em um momento global em que o Brasil poderia elevar sua posição no cenário internacional. Infelizmente, o governo optou por uma postura de vassalo, relegando-se a um papel secundário e vivendo à sombra do Conselho de Washington, enquanto perde oportunidades valiosas de crescimento e autonomia.