Hoje (6), em entrevista à rádio Difusora Goiânia, o presidente Lula afirmou que seu governo tem sido um dos principais responsáveis pelo crescimento do agronegócio.
Além disso, Lula destacou a importância do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na indústria alimentar nacional, apontando que o atrito entre o agronegócio e o MST é uma divergência ideológica.
De acordo com ele, apesar de o MST não invadir terras produtivas há décadas, o setor do agronegócio nutre um “ódio” pelo movimento, que é, segundo ele, tão essencial para o Brasil quanto o próprio agronegócio.
Em seguida, confira mais detalhes.
Confira também: O Agronegócio e a Reforma Tributária – Arena Política (arenapolitica.com.br)
Presidente Lula privilegia Agronegócio no Plano Safra
Embora o governo busque equiparar a importância do agronegócio e da agricultura familiar, o investimento governamental entre os dois setores são evidentes na prática.
A agricultura familiar é responsável por cerca de 80% dos alimentos que abastecem as mesas dos brasileiros, enquanto o agronegócio, que recebe 85% dos recursos do Plano Safra, concentra-se principalmente na exportação de commodities, que pouco muda a situação real da população, como veremos a seguir.
Essa disparidade reflete não apenas o desequilíbrio no apoio governamental, mas também as prioridades reais do estado brasileiro.
Veja, ao mesmo tempo em que o Brasil se consolida como o terceiro maior exportador agrícola do mundo, 15% de sua população enfrenta a fome. Diante desses números alarmantes, o governo segue priorizando as demandas do mercado externo, em vez de investir em políticas agrícolas que garantam a soberania alimentar.
Na entrevista, o presidente Lula destacou que o agronegócio não tem motivos para reclamar dos recursos que recebe, e de fato não tem. Ele reforçou a ideia de que, apesar do apoio expressivo ao setor, é a agricultura familiar que sustenta a alimentação da população.
“Se você pegar quase 5 milhões de pequenas propriedades de até 100 hectares, é essa gente que produz os alimentos que comemos. Produz o frango, cria o porco. São os pequenos proprietários, e essa gente é importante. Eu não faço distinção”,
afirmou Lula.
Lei Kandir
É necessário desmistificar a ideia de que o país depende exclusivamente do agronegócio. O papel da agricultura familiar na segurança alimentar é mais relevante, apesar de menor investimento, do que as grandes exportações.
De acordo com o estudo O Agro não é tech, o Agro não é pop e muito menos tudo, da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), dados do IBGE, apontam que o agro pouco contribui com o Produto Interno Bruto (PIB), traz altos custos ao Estado, gera poucos empregos e é o grande responsável por devastações ambientais.
Além disso, a Lei Kandir, de 1996, que isenta o ICMS sobre as exportações de produtos primários e semi-elaborados, resulta em uma perda anual de cerca de R$ 22 bilhões em arrecadação. Ou seja o agro gera aos cofres públicos arrecadação menor que a metade do município de São Bernardo.
Portanto, não adianta o governo se vangloriar de bilhões investidos em programas assistencialistas enquanto continua a privilegiar os grandes proprietários do agronegócio.
Além de um projeto conciso de industrialização. é crucial enfrentar os barões da agro no parlamento colocando a necessidade da reforma agrária em pauta. A fim de transformar a indústria alimentar e melhorar a segurança alimentar para a população mais pobre do Brasil.