A declaração de Donald Trump sobre ocupar Gaza e construir sua “Riviera do Oriente Médio” me fez lembrar o que de fato representa um governo fascista dentro do capitalismo.
Não sei que reação você teve quando ouviu Trump dizer que os palestinos podem voltar para casa no momento do cessar-fogo, para mim soou como um deboche.
Como se fosse possível voltar para casa no meio dos escombros patrocinado pelo seu país.
A destruição em Gaza não é apenas física. O que foi arrasado ali foi o legado de séculos – talvez milênios – de história, cultura e resistência, tudo devastado pela tentativa de limpeza étnica dos sionistas.
E quem quer se aproveitar outra vez da devastação de uma sociedade inteira? Os Estados Unidos, claro, com sua máquina de guerra, disposta a fazer negócios a qualquer custo, inclusive sobre os corpos de crianças e mulheres, vítimas de uma chacina brutal.
Mas as declarações de Trump desta semana revelam algo mais profundo, algo que até eu não havia percebido completamente: a verdadeira motivação por trás dessa guerra para os países imperialistas como os Estados Unidos.
Permita-me explicar: com as cidades completamente abandonadas e devastadas, surge uma nova demanda por sua reconstrução. Ou seja, é o momento de aproveitar o que ajudei a derrubar para lucrar enquanto levantamos
A ideia de que as guerras podem ser usadas como uma estratégia para gerar demanda econômica não é nova. Ela é uma prática consolidada no que Naomi Klein chama de “capitalismo de desastre”, descrita em seu livro A Doutrina do Choque.
Em sua obra, Klein revela como as crises, sejam naturais, econômicas ou políticas, são instrumentalizadas para reestruturar economias e abrir mercados para as grandes corporações. O conceito de “capitalismo de desastre” é claro: ele depende da catástrofe. Seja a devastação causada por uma guerra ou um desastre natural, ele encontra a oportunidade de enriquecer, explorando a miséria e a destruição alheia.
Através de exemplos históricos, como as ditaduras latino-americanas, Klein ilustra a conexão entre o neoliberalismo imposto pelos Estados Unidos e a opressão que ele perpetua, sempre com a promessa de um “futuro melhor” que nunca chega, mas que traz lucros imensos para os mesmos de sempre. Tudo isso em nome de uma ordem econômica global que privilegia poucos e condena a maioria à destruição.
A guerra em Gaza não é um evento isolado, mas parte de um ciclo de exploração que se alimenta das crises. E, como sempre, quem paga o preço são os mais vulneráveis: os palestinos, as crianças, as mulheres, os inocentes.
Além disso, quando Trump fala na “Riviera do Ocidente”, não está se referindo a uma nova casa para os palestinos. Segundo ele, todos os moradores de Gaza serão retirados de forma permanente. Essa afirmação foi feita ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Washington. Ou seja, ele está disposto a transformar a cidade que destruiu, ignorando que o que foi devastado vai muito além de estruturas materiais — foram famílias, comunidades e uma sociedade que continuam sendo tratadas com desprezo, como se fossem pragas a serem eliminadas, se necessário.